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Não há escuridão dentro do coração, mas essa luz teima em chegar. Sonho com sonhos, cavaleiros, príncipes, sapos que se transformam...
Contudo não estou presa, não me sinto eternamente ligada a sentimentos exdrúxulos nem a fantasias que não se prolongam. Efemeridades de momentos que fogem entre os dedos, escorrem pingas como se prendesse na palma da mão um cubo de gelo que se derrete e escapa entre as fissuras do meu tacto.
Temo, mas não esqueço a razão que me fez tornar perto do gélido, impotente e frio vazio na desarrumação do coração.
Tenho pouco na lei do viver, apenas regras que cumpro à risca, que foram receitadas pela experiência dos erros que paguei com a felicidade.
Desenho na agenda rabiscos que mais tarde na imaginação me tornam a aparecer em noites que aclaram sem pedir. Por vezes momentos gostaria que se prolongassem e não chegasse a manhã. Mas nada disso acontece. Penso, repenso e não esqueço.
A música mexe comigo e não tiro ilações de situações constragedoras porque o fio da minha vida está a romper. Perco-me na escuridão que não existe, perdida nas palavras que outrora me pareciam claras, demasiado isoladas da inocência que já tinha adquirido como certa.
Beijos foram muitos, paixões bastantes mas no fim das contas o sono chega e adormeço num turbilhão de sentimentos que não possuo.
Corro atrás de algo que não acredito mais, vejo-me num espelho esfumado que já está baço, que nada acrescenta ao que já possuo.
Tempo de sentir, de voar para longe, perder-te de vista sente-se facada, leva-me de um trago.
Deixas-te afectar por mim vezes sem conta e não te passo despercebida. Mas nos olhos vejo que já quiseste chorar vezes sem conta. Hoje em dia secaram as lágrimas, já nada tem sentido.
Opções fazemo-las, talvez as minhas sejam um resguardo para a minha condição de comodidade.
De qualquer modo, ausento-me mais uma vez do sentimento.